OSTROGORSKI

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Ostrogorski em Nova Iorque

Face à desilusão com que foi confrontado em face da realidade encontrada na Grã-Bretanha, M.O. decidiu ir à procura da realidade que lhe permitisse confirmar o seu ideal, por um lado; e por outro, a aplicação efectiva dos princípios da democracia popular à realidade sócio-política do seu tempo.
Assim, resolveu ir para o "Novo Mundo", onde pensou que encontraria o futuro (por oposição áquilo que ele considerou ser o "passado").
Mas, a verdade é que, ao chegar a Nova Iorque, a realidade à qual aplicou o seu questionário e modelo de análise não lhe permitiu obter resultados e formular conclusões mais animadoras do que aquelas que havia conseguido anteriormente.
Antes pelo contrário. Se no primeiro caso foi confrontado com a estrutura tentacular protagonizada pelo Caucus de Birmingham, nos Estados Unidos viu-se a braços com a estrutura de Tammany Hall.
Se em Inglaterra ficou alarmado, ao chegar aos Estados Unidos ficou aterrorizado. Na verdade, confrontado com tal realidade, compara a política à máfia e ao gangsterismo.
Os políticos profissionais são classificados de modo inimaginável e M.O. não poupa as palavras nem os termos com que a eles se refere.
Estabelece, então, uma análise comparativa entre a política como profissão e a política como vocação. No primeiro caso, o interesse público, da maioria, dos cidadãos fica comprometido face aos interesses sectários da minoria que governa em nome da maioria, que luta pelo voto como fórmula legitimadora da aquisição, exercício e manutenção do poder político; no segundo, os lugares são ocupados, sobretudo, pelos detentores de meios, grandes proprietários, aristocratas, que não dependem da política e do exercício dos cargos públicos aos quais a primeira dá acesso, para sobreviver. Pelo contrário. Ocupam-nos como símbolo de prestígio e reconhecimento. Como uma espécie de "cereja em cima do bolo" depois de tudo o resto terem feito e assegurado. Ao ponto de porem o seu nome e meios ao serviço do "bem comum".

2 Comentários:

Blogger Luiz Alves de Oliveira Filho disse...

Ler este artigo, me fez lembrar um pouco do que Max Weber teorizou a respeito das classes políticas. Mais acredito que ambos estão no caminho certo. Como nos diz Weber, os grupos políticos tradicionais (ou famílias), se organizam na busca da dominação da "máquina" pública em detrimento ao seu rival, mais que ambos, constituem-se como grupos oligárquicos.
Mas minha preocupação é exatamente em cima da preocupação de Ostrogorski, pois se os grupos políticos-partidários constituem-se como gangster, como enquadrar o nosso Estado moderno ou mesmo o classificá-lo como uma DEMOCRACIA? Isso é que mais me decepciona: ser constantemente "hipnotizado" pelos meios de comunicação em massa em acreditar que vivemos numa democracia! O que será que Rousseau diria a respeito da nossa "democracia" se ainda fosse vivo?

16 de abril de 2009 às 08:22  
Blogger Sandra B disse...

Caro Luiz,

Obrigada pelo seu comentário.
As suas angústias fazem parte da análise do mundo que o rodeia. E note que não está sozinho.
Como eu própria refiro no meu livro "A Fórmula do Poder", a classificação do "nosso" Estado Moderno, com os adjectivos de "de Direito" ou "Democrático" não passa, no fundo, da "entourage" da própria fórmula.
E os media não são mais do que instrumentos de quem detém o poder de refinir, re-definir e modificar a fórmula dominante.

17 de abril de 2009 às 08:01  

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