Ostrogorski em Nova Iorque
Face à desilusão com que foi confrontado em face da realidade encontrada na Grã-Bretanha, M.O. decidiu ir à procura da realidade que lhe permitisse confirmar o seu ideal, por um lado; e por outro, a aplicação efectiva dos princípios da democracia popular à realidade sócio-política do seu tempo.
Assim, resolveu ir para o "Novo Mundo", onde pensou que encontraria o futuro (por oposição áquilo que ele considerou ser o "passado").
Mas, a verdade é que, ao chegar a Nova Iorque, a realidade à qual aplicou o seu questionário e modelo de análise não lhe permitiu obter resultados e formular conclusões mais animadoras do que aquelas que havia conseguido anteriormente.
Antes pelo contrário. Se no primeiro caso foi confrontado com a estrutura tentacular protagonizada pelo Caucus de Birmingham, nos Estados Unidos viu-se a braços com a estrutura de Tammany Hall.
Se em Inglaterra ficou alarmado, ao chegar aos Estados Unidos ficou aterrorizado. Na verdade, confrontado com tal realidade, compara a política à máfia e ao gangsterismo.
Os políticos profissionais são classificados de modo inimaginável e M.O. não poupa as palavras nem os termos com que a eles se refere.
Estabelece, então, uma análise comparativa entre a política como profissão e a política como vocação. No primeiro caso, o interesse público, da maioria, dos cidadãos fica comprometido face aos interesses sectários da minoria que governa em nome da maioria, que luta pelo voto como fórmula legitimadora da aquisição, exercício e manutenção do poder político; no segundo, os lugares são ocupados, sobretudo, pelos detentores de meios, grandes proprietários, aristocratas, que não dependem da política e do exercício dos cargos públicos aos quais a primeira dá acesso, para sobreviver. Pelo contrário. Ocupam-nos como símbolo de prestígio e reconhecimento. Como uma espécie de "cereja em cima do bolo" depois de tudo o resto terem feito e assegurado. Ao ponto de porem o seu nome e meios ao serviço do "bem comum".